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Quais são os riscos de não tomar ou atrasar a segunda dose da vacina contra a Covid-19?

O pneumologista Ubiratan de Paula Santos, conselheiro da Sociologia e Política - Escola de Humanidades, explica as consequências do atraso

07/05/2021

Eduarda Endler (Cartola - Agência de Conteúdo)

No último mês, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que mais de 1,5 milhão de brasileiros não voltaram aos postos de saúde para receber a segunda dose da vacina contra a Covid-19. As consequências desse número são graves, segundo o médico pneumologista Ubiratan de Paula Santos, conselheiro da Sociologia e Política - Escola de Humanidades. “Isso significa menor efetividade da vacinação, ou seja, menos pessoas que poderiam estar imunizadas contribuindo para não ter a doença ou, caso tenha, que ela seja menos grave; e também porque os vacinados imunes não transmitem ou transmitem muito menos o vírus”, explica.

Entre os motivos, o médico enxerga inúmeras razões, como a falta de uma campanha diária nos meios de comunicação de massa informando sobre a vacina, seus benefícios, baixa prevalência de efeitos colaterais e muito baixos riscos eventualmente mais sérios; a confusão criada com a postura contra a vacina pelo presidente Bolsonaro e por boa parte de seus apoiadores; o discurso não alinhado entre os Ministérios da Saúde, governos de estados e de municípios; e a falta da vacina e a lentidão da aplicação, diferente de outras campanhas de vacinação realizadas anualmente no Brasil.

Com esse atraso, o ministro da Saúde afirmou que irá reforçar as campanhas para que todos completem o esquema vacinal e que irá contar com o apoio do Conselho Nacional de Secretários da Saúde (Conass). O intervalo entre a primeira e a segunda dose varia de acordo com o imunizante aplicado. No caso da CoronaVac, da Sinovac e Instituto Butantan, o tempo entre a primeira e a segunda dose é de 14 a 28 dias. Já na AZD1222, de AstraZeneca, Universidade de Oxford e Fundação Oswaldo Cruz, o período de espera é de três meses.

O estado com maior número de atrasos no país é São Paulo, com mais de 343 mil casos. Na sequência, aparecem Bahia (148 mil) e Rio de Janeiro (143 mil). De acordo com Ubiratan, a população de São Paulo é a maior em todas as faixas etárias e, pelas informações do Ministério da Saúde, o Estado recebeu cerca de 20% do total de vacinas distribuídas (15 milhões em um total de 64,4 milhões - dados atuais). “O que estaria de acordo com a porcentagem que a população do Estado representa no total da população brasileira, ou seja, existe heterogeneidade nas prioridades entre estados e entre municípios”, afirma. 

Como esperança para que essa situação não se repita em um futuro próximo, Ubiratan explica que dependerá da capacidade de entrega de vacinas pelo Butantan, pela Fiocruz e, agora, também pela Pfizer. “Espero que a Sputnik, com os novos esclarecimentos que vêm sendo prestados à Anvisa, permita aumentar a oferta de vacinas e acelerar a vacinação. Quanto mais retardarmos, maior os riscos da pandemia evoluir com um número mais assustador e terrível de mortes do que os atuais 408 mil (em 03/05/2021). A demora na vacinação e política tipo sanfona, no vai e vem das políticas de isolamento social, favorecem o surgimento de novas variantes, que podem criar a nós e ao mundo dificuldades adicionais”.

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