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A Experiência de Participar de um Congresso Internacional

Nossa egressa Michele Silva Joaquim conta um pouco sobre sua experiência no XIII Congreso de Archivología del Mercosur (CAM)

22/11/2019

Michele Silva Joaquim 

 

Fui aluna do curso de Gestão Arquivística da FESPSP entre 2017 e 2018, fiz meu TCC em formato de artigo, intitulado: A Representatividade do Negro no Acervo do Centro de Produção Audiovisual do Sesc SP (Serviço Social do Comércio de São Paulo).

Sempre estive atenta aos congressos da área de história e de arquivos, e comecei a enviar meus textos, produzidos na graduação em História pela UNIFIEO e também na pós-graduação em História, Sociedade e Cultura pela PUC-SP. Tive êxito nos meus envios e me apresentei em congressos no Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. Essas apresentações além da satisfação pessoal, nos abre um leque de oportunidades, conhecimento, temos contatos com diversos profissionais e pesquisadores que sempre agregam com suas palestras ou uma conversa na hora do café, sempre uma semana de troca intensa. Pessoas estão ali para nos ouvir, isso mostra que estamos no caminho certo de nossas pesquisas, que somos capazes de produzir conhecimento, é uma satisfação imensa.

Esse ano aconteceu o XI Encuentro Latinoamericano de Bibliotecarios, Archivistas y Museólogos em Porto Rico, me interessei, porém, os entraves de visto me fizeram desistir da inscrição, mas não desisti de tentar me apresentar em um congresso internacional, meu orientador da FESPSP Charlley Luz me alertou sobre XIII Congreso de Archivología del Mercosur (CAM), vi as linhas de pesquisa e submeti meu artigo já mencionado para o eixo temático: Archivos, Cultura y Genero. Envio realizado em abril, só restava aguardar, a resposta veio em junho, o artigo foi aceito para ser apresentado, uma alegria, saber que estou caminhando, mesmo diante dos percalços da área, que sabemos são muitos.

Sempre pensei que ter um trabalho aprovado para ser apresentado em um congresso internacional fosse a parte mais difícil, mas não é, o mais difícil é conseguir arcar com os custos, é um investimento na carreira que sabemos ser necessário, porém, é o maior empecilho. As dificuldades foram inúmeras, perdi o emprego, não tinha condições alguma de ir, vi meu sonho se desfazer, mesmo assim não desisti, com a ideia fixa de que iria para Montevidéu, fiz campanha na internet para financiamento coletivo através do vakinha.com.br. Foi com a ajuda de amigos, familiares e pessoas sensíveis a situação, que consegui levantar a quantia necessária para viajar.

Entre os dias 21 e 25 de outubro de 2019, lá estava eu, feliz, satisfeita, por ter conseguido essa vitória, foram cinco dias de muito aprendizado e reflexão.

As discussões sobre arquivos estão muito alinhadas, países da América Latina vivem situações muito semelhantes, deveria ter mais discussões, precisamos trocar mais com nossos vizinhos, vários trabalhos muito interessantes, críticos à nossa realidade, como lidar com massas documentais, como pensar na preservação de documentos natodigitais, como dar voz às ditas minorias quando tratamos de questões de raça, gênero, inclusão de PcDs? Como nos reinventar diante da falta de políticas públicas, como lidar com a falta de verba destinada para a preservação dos acervos? Vários debates que contribuíram muito para ampliar meu leque de atuação, repensar questões e pensar novos caminhos para lidar com a diversidade documental que trabalho atualmente.

Levar minha pesquisa, levantou uma questão, com mais de 100 apresentações, a minha foi a única que tratou da questão dos negros. Outro ponto é presença majoritariamente de brancos, poucos negros, sendo a maioria da comitiva de Cuba, e os brasileiros? Onde estão os pesquisadores negros nesse espaço de discussão?

Outro ponto, muitas pesquisas de arquivistas do Norte, Nordeste e Sul do Brasil, a falta de um curso de graduação em Arquivologia na cidade de São Paulo, é uma das causas dessa lacuna, temos um curso em Marília, mas não é suficiente. A área precisa repensar sobre a criação de uma graduação em arquivologia na cidade de São Paulo.

Não é só se apresentar, ficamos atentos a várias questões que nos rodeiam, enriquecedor em todos os sentidos, saí com perguntas ainda sem respostas, o que pode levar a novas pesquisas. Participar de congressos sempre nos movimenta.

Participar de um congresso internacional foi uma das experiências acadêmicas e profissional mais importante que tive, eu incentivo a todos e todas a tentarem, enviem seus textos, não tenham receios, dificuldades existem, mas não podemos ficar inertes, as oportunidades estão aí, não são iguais, mas precisamos agarrá-las, pensei que não conseguiria, mas felizmente estou de volta e contando essa incrível experiência vivida em Montevidéu. O próximo CAM será em 2021 em Assunção – Paraguai. Com certeza enviarei um texto e torcer para que seja aprovado, quem sabe nos vemos lá. Se prepare e tente, é gratificante!   

 

 

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