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Nacionalismo populista é defesa das potências em declínio

Paulo Nogueira Batista Jr. esteve em reunião da Cátedra Celso Furtado

11/07/2019

O economista Paulo Nogueira Batista Jr. foi convidado a participar da reunião da Cátedra Celso Furtado na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP) realizada em junho e debater o tema “Os Impactos Econômicos, Políticos e Sociais do Nacionalismo no mundo e no Brasil”. 

Em sua análise, Nogueira Batista destacou as três grandes ideologias no campo social, econômico e político: o marxismo, o liberalismo e o nacionalismo.  O mercantilismo no tempo dos estados emergentes; o pensamento econômico liberal durante a Revolução Industrial com a Inglaterra como potência econômica dominante; e o nacionalismo que nasce nos EUA como reação aos ingleses. “Mas são os alemães que lideram essa reação ao iluminismo francês, uma uniformização no campo político, e à economia política clássica inglesa, em defesa da diversidade,” pontua o ex-vice-presidente do “banco dos Brics” (o New Development Bank, NDB) e ex-diretor do FMI. “O marxismo surge como uma terceira força diante da controvérsia entre nacionalistas e liberais, que vai ter um impacto enorme no século XX.”

Paulo Nogueira ressalta que o Brasil e os países da periferia devem ter cuidado com o discurso globalizante adotado pelas potências hegemônicas. “O regime colonial dos economistas brasileiros é o cosmopolitismo, o que é perigoso porque uma nação atrasada tem que ter o nacionalismo quase que como um pilar de sua organização econômica e social. Temos bases teóricas para isso que surgiram no século XX com John Maynard Keynes,” explica.

“Com a crise de 2008, 2009, a reação dos EUA e da Europa foi um hiper keynesianismo. O prêmio Nobel de Economia, Paulo Krugman, enfatiza que, em tempos de depressão, basta o básico do da teoria de Keynes: expansão monetária e fiscal, o que havia sido esquecido em um período de triunfo do chamado neoliberalismo”, acrescenta. “Temos uma tradição na qual podemos nos ancorar: no plano teórico internacional o keynesianismo; no plano nacional, o nacional desenvolvimentismo, com atuações e modificações, levando em conta inúmeras críticas que surgiram à direita e à esquerda, temos uma base sobre a qual viver e criar”, enfatiza Paulo Nogueira.

Para explicar a retomada do nacionalismo populista no mundo contemporâneo, Paulo Nogueira explica que se trata de um mecanismo de defesa quando a nação entre em declínio. “No mundo contemporâneo, as potencias até então acostumadas a mandar no mundo, os europeus e mais recentemente os americanos, estão tendo que conviver com o seu declínio relativo. O nacionalismo xenófobo é uma reação a esse declínio. É um nacionalismo defensivo às fronteiras. Há resistência aos refugiados e a todos riscos externos a esse condomínio. Não querem compartilhar seu padrão de vida. Querem os países em desenvolvimento fornecendo matérias-primas e produtos industriais simples para que eles sejam o centro tecnológico, político e internacional”, analisa ele. “O presidente Donald Trump retoma o nacionalismo de forma exacerbada e sem hipocrisia. Uma potência hegemônica não precisa ficar batendo no peito dizendo que quer fazer a América grande de novo.”

Participaram do debate Angelo del Vecchio, presidente do Conselho Superior da FESPSP, Romeu Garibe, vice-diretor geral da FESPSP, e os professores William Nozaki (FESPSP), Pedro Paulo Bastos (Unicamp), Maria Cristina Barboza (FESPSP), Carla Diéguez (FESPSP), Artur Henriques, Vicente Trevas, Artur Araújo, Raimundo Pires da Silva e Gustavo Codas.

Lia Carneiro – Agência Fato Relevante
lia.carneiro@agenciafr.com.br

 

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