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Amazônia em chamas: o sinal de alerta para o Brasil

As queimadas na Floresta Amazônica mobilizam o país e assustam o mundo inteiro

05/09/2019

Em agosto de 2019, as queimadas na região da Floresta Amazônica apresentaram um aumento alarmante: 196% a mais do que em 2018. São 30.901 focos de incêndio, contra 10.421 no ano passado, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

O fogo é consequência da exploração de terras na região, desmatamento e queima da vegetação e pastagem, que prepara a terra para plantio. A prática é comum para o agronegócio nacional, mas, a longo prazo, causa a degradação biológica do solo, prejudicando o meio ambiente. Por conta disso, o crescimento dos números chama atenção.

Historicamente, o período entre julho e setembro é de seca, com pouca incidência de chuva, fazendo com que as queimadas aumentem em regiões florestais. Outro fator preocupante é a chegada do mês de setembro. Segundo dados do INPE, o mês é o mais seco do ano e, por consequência, o que mais apresenta focos de incêndio.

Para se ter ideia, em setembro de 2018, os focos de queimada chegaram a 24.803 na Floresta Amazônica. Se em agosto deste ano já tivemos mais de 30 mil, o que esperar do mês seguinte? Essa é uma preocupação da professora de Antropologia da FESPSP, Caroline Freitas, que alerta para os perigos que as populações indígenas e demais povos da floresta estão enfrentando: “Isso altera as possibilidades de sobrevivência desses povos dentro dos seus usos e costumes, alterando as estratégias de desenvolvimento das comunidades e os riscos de contaminação pelas fumaças,  além do uso de agrotóxicos nas plantações na região”, ressalta Caroline.

Relações internacionais diplomáticas comprometidas

No dia 22 de agosto, o presidente da França, Emmanuel Macron convocou uma reunião do G7 — grupo que reúne as maiores potências econômicas do mundo — para discutir a situação atual do maior bioma do mundo. Após as críticas à atuação do Governo Federal pelo mandatário francês, o presidente brasileiro disse que só aceitaria ajuda do G7 caso Macron se desculpasse publicamente.

A reunião do G7 não contou com nenhum estado amazônico, o que também pode ser considerado uma “indelicadeza diplomática”, segundo o professor de Política e Relações Internacionais da FESPSP, Rodrigo Gallo. “Como boa parte da Floresta Amazônica está no Brasil, seria adequado que um representante brasileiro tivesse sido chamado”, acrescenta.

Ao estabelecer essa relação diplomática estremecida, o Brasil se coloca em uma situação comprometida para receber ajuda de outros países. Segundo Tathiana Chicarino, cientista política e professora da FESPSP, o governo brasileiro precisa de diplomacia para lidar com essa situação e deixar as autoridades responsáveis trabalharem. Tathiana ainda acrescenta o impacto internacional dessa situação: “Há um consenso internacional sobre a preservação dos recursos naturais. Quando algo como as queimadas acontece, sinalizamos que não estamos alinhados com esse consenso”.

O mundo olha para a Amazônia – e especialmente para o Brasil – com olhos muito preocupados. É o que diz o também professor de Política e Relações Internacionais da FESPSP, Leandro Consentino. “Isso demonstra que talvez estejamos perdendo nosso grande ativo na política externa, de sermos um player relevante na defesa da sustentabilidade ambiental”, destaca Leandro, lembrando que esse se tornou o principal atributo internacional do Brasil desde a redemocratização.

Além de tudo, a situação das queimadas na Floresta Amazônica compromete a economia e o mercado brasileiro. O mundo percebe que não estamos cuidando do nosso maior ativo de sustentabilidade e de biodiversidade de fauna e flora do mundo. Segundo Leandro, caso a relação comercial entre o Mercosul e a União Europeia seja impactada por esse problema, a macroeconomia brasileira será afetada.

Para tentar combater o fogo e amenizar a situação da Floresta Amazônica, o presidente da República, Jair Bolsonaro, autorizou o envio de tropas militares para auxiliar o combate às queimadas em terras indígenas, áreas da fronteira e unidades federais de conservação ambiental, em articulação com os órgãos de segurança pública e proteção ambiental dos locais afetados.

Entretanto, o prognóstico para setembro não é dos melhores: o tempo seco dificultará ainda mais o controle das chamas. Do dia 1º de setembro até hoje (05), Dia da Amazônia, já foram contabilizados 3.952 focos de incêndio, o que aumenta a preocupação internacional e o sinal de alerta no Brasil.

Guilherme Engelke - Cartola Conteúdo

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