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A questão racial como pauta abordada em alguns trabalhos da Sociologia e Política - Escola de Humanidades

No Dia da Consciência Negra, conheça um pouco dos estudos elaborados por discentes da Escola

19/11/2021

Marcado pela organização de movimentos sociais negros e pela luta de Zumbi dos Palmares no século XVI, o Dia da Consciência Negra celebra anualmente o resgate da identidade negra brasileira e sua contribuição para a história do país.

Oficializado pela Lei nº 12.519 de 2011, o dia 20 de novembro passou a ser o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra. O objetivo era instigar a população brasileira sobre a necessidade de debater questões como a desigualdade racial no Brasil, fruto do apagamento histórico durante a escravização, além do questionamento sobre a precariedade civil pós abolição, instaurada pela Lei Áurea em 1888.

Em inúmeros parâmetros sociais, a população negra é desfavorecida. Um estudo realizado pela Proceedings of the National Academy of Sciences of the United Status of America (PNAS), aponta que recém-nascidos negros têm mais chances de morrer enquanto supervisionados por médicos brancos do que por médicos negros. A pesquisa revela que se assistidos por médicos negros, as chances de mortalidade caem de 58% para 39%. 

Este fato é um dos exemplos em que a população negra está submetida por conta do racismo. Para isso, a Sociologia e Política - Escola de Humanidades selecionou alguns trabalhos publicados por algumas de suas ex-alunas com o intuito de promover uma discussão sobre a importância da disseminação da questão do apagamento e da falta de representatividade negra.

“Estudo de atitudes raciais de pretos e mulatos em São Paulo”

Antes mesmo da década de 50, a Sociologia e Política - Escola de Humanidades, recebia a presença ilustre de Virgínia Leone Bicudo, psicanalista, que tornou-se  mestre em Ciência Sociais em nossa Escola, ainda em 1945, quando escreveu sua dissertação intitulada “Estudos de atitudes raciais de pretos e mulatos em São Paulo”.

A socióloga e psicanalista pesquisou sobre as atitudes raciais de pretos e mulatos na cidade de São Paulo. Através do método de entrevistas com pretos e mulatos de classes sociais distintas, além de membros da Frente Negra Brasileira (saiba mais), Virgínia poderia definir determinadas atitudes pelo espaço social que o indivíduo está inserido, trazendo a diferença entre a natureza e as condições sociais.

A pesquisa está disponível em nossa biblioteca virtual, eternizando a figura de uma mulher negra que tem incalculável importância para os estudos sobre relações étnico-raciais.

“Infoeducação como prática colaborativa no processo de empoderamento da mulher negra”

A pesquisa feita por Ingrid Passos, também ex-aluna do curso de Biblioteconomia e Ciência da Informação, em 2018, consistiu em trazer como objeto de pesquisa o clube de leituras Clube Negrita, projeto que busca incentivar a leitura de escritoras e escritores negros. Durante a pesquisa, Ingrid determinou o processo como infoeducação, tendo o clube como um espaço para o acesso ao empoderamento de mulheres negras através da leitura. 

O termo trouxe a importância de conectar informação com educação, além da literatura poder facilitar o acesso ao conhecimento de uma cultura, raça, gênero e povo.

Você pode acessar o trabalho de conclusão de curso de Ingrid Passos na nossa biblioteca virtual.

“Conexões entre biografia e estudos sobre as relações raciais na cidade de São Paulo: o caso de Virgínia Leone Bicudo”

Em pesquisa realizada em 2017, Juliana Bartholomeu,  formada em nossa graduação em Sociologia e Política, destaca a contribuição da produção intelectual de Virgínia Bicudo, trazendo uma análise interpretativa sobre as conexões entre a biografia e trajetória intelectual da socióloga, com embasamento teórico de perspectiva epistêmica sobre o feminismo negro norte-americano interseccional.

Para saber mais sobre o estudo de Juliana, você pode acessar aqui

“O bibliotecário e a disseminação da literatura infantil afro-brasileira”

Tanusia dos Santos do Nascimento,  formada em Biblioteconomia e Ciência da Informação pela nossa Escola, publicou, em 2013, a sua pesquisa intitulada ‘O bibliotecário e a disseminação da literatura infantil afro-brasileira’.

Em uma abordagem sobre os rótulos em torno do perfil do negro e como a literatura contribui para isso, a pesquisa busca trazer a importância do bibliotecário para a disseminação destes estereótipos de forma que envolva a representação da literatura afro-brasileira desde a infância. 

A discussão sobre educação, literatura afro-brasileira e a população negra, contemplada no estudo da ex-aluna Tanusia, pode ser acessado em nossa biblioteca virtual. 

“Existência e Resistência em uma sociedade de Estado punitivo: mulheres negras em situação de cárcere na cidade de São Paulo”

Para falar sobre o crescimento exponencial no sistema prisional, Wallesandra Souza Rodrigues, ex-aluna formada em Sociologia e Política, realizou pesquisa sobre o aumento descomunal da população carcerária feminina. Para além disso, o estudo analisou as narrativas dessas mulheres, com o objetivo de averiguar se a categoria raça, enquanto marcador social da diferença, é percebida pelas mulheres como elemento significativo em sua vivência social nos contextos intra e extramuros.

Para acessar o estudo realizado pela socióloga, acesse a nossa biblioteca virtual.

“A mediação da informação étnico-racial nas redes sociais”

Fernanda Gomes Neuhold, formada Biblioteconomia e Ciência da Informação, publicou seu trabalho, em 2019, intitulado ‘A mediação da informação étnico-racial nas redes sociais’. O estudo aborda o conceito de informação étnico-racial através das redes sociais e como o quem produz e quem consome realizam a ideia deste conceito. 

Através da observação, Fernanda traz em sua pesquisa como discutir questões raciais utilizando plataformas como Facebook e Youtube e como podem servir de mediadores para informação. Um exemplo utilizado foi o canal Afro e Afins, da socióloga Nátaly Neri, no capítulo “Afro e Afins”.

Você pode acessar o trabalho de conclusão de curso de Fernanda Gomes na nossa biblioteca virtual. 

Estas pesquisas são alguns dos inúmeros exemplos de resgate aos saberes negros, muitas vezes engavetados por conta do racismo institucional e estrutural presente no Brasil, dificultando o acesso ao conhecimento de pessoas negras com a sua história e identidade. Estes estudos representam também a urgência de debates sobre a questão racial no meio acadêmico, a fim de disseminar o racismo sofrido por pessoas negras na sociedade. 



Texto: Milene Grais - Cartola Conteúdo

Pesquisa dos trabalhos acadêmicos: Éderson Crispim - Biblioteca FESPSP

 

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